CALLADO, Antonio

Sempreviva

Nova Fronteira, 1ª ed. Rio de Janeiro 1981.

O AUTOR

Antonio Callado é jornalista, ficcionista e autor de algumas obras teatrais, numa actividade que se desenvolve há cerca de quarenta anos. A obra Sempreviva começou a ser produzida —segundo informação da própria editora— nos anos 50, e só publicada em 1981. Como outras obras do autor, pretende fornecer dados para uma melhor compreensão das estruturas psíquicas e sociais da formação do homem brasileiro, fora e além das versões chamadas de "oficiais".

RESUMO DA OBRA

Ajudado por um tal Pepe, Quino —exilado em Londres e sob a proteção da Amnistia Internacional— passa a fronteira boliviana por Corumbá no carro de Jupira, sobrinha de Pepe. A finalidade da volta de Quinho ao Brasil é tentar descobrir e desmascarar os assassinos de duas argentinas, Violeta e Corina, e também de sua companheira Lucinda. Quinho sabe o nome dos torturadores e suspeita que moram em Corumbá, numa fazenda dedicada à caça e esfolamento de onças, venda de peles, etc. Tratar-se-ia de policiais ou ex-policiais, trabalhando a serviço de Ari Knut, famoso detective e caçador de comunistas que tentavam atravessar clandestinamente a fronteira. Imediatamente, Quinho faz amizade com Jupira, cujo noivo morreu torturado pela mesma equipe quando ela estava grávida de Herinha, então com dez anos, sempre com o macaquinho Jurupixuna no ombro. Herinha tem a mania de que o macaquinho leve um pequeno  embornal a tiracolo com alguns grãos de milho dentro, para deixar rastro em caso de perda. No quintal da casa de Jupira, que mora ao lado do pai, Iriarte, há muitas plantas e animais, entre eles o sabiá Verdurino, famoso pelo seu canto e objeto de pesquisas do erudito vizinho Juvenal Palhano, enamorado do canto dos pássaros, da ópera italiana e da educação requintada. No mesmo quintal é guardada a cobra cascavel chamada Joselina, numa caixa-de-cobra a propósito, sempre objeto dos cuidados de Herinha.

Apenas no Brasil, Quinho elabora planos com Jupira para penetrar na fazenda Onça sem Roupa, conhecida na Bolívia como La Pantanera, sem despertar suspeitas, com a intenção de, sem ser visto, tirar fotografias dos cadáveres de Violeta e Corina, que supõe enterrados lá e, quem sabe, de Lucinda, sempre presente em suas ensonhações eróticas. Quinho começa a perceber que Jupira é muito parecida com Lucinda.

Carregado de valor e de whisky fornecido por Iriarte —exímio contrabandista e, ocultamente, comunista de Corumbá— Quinho vai à fazenda simulando ser enviado pela Wildlife Foundation para escrever um livro sobre fazendas do Pantanal. Conhece os vaqueiros e caçadores de onças: Dianuel, degolador, e o patrão Antero Varjão, antes Claudemiro Marques, e de quem Quinho suspeita ser o principal torturador, agora escondido nessa fazenda dedicado ao curtume e venda de pele de onça e outros couros, em cujos dentes trafica cocaína. Com Dianuel, Quinho percorre a fazenda, tira fotografias das dependências e sente vontade de vomitar vendo as peles e as onças semi-degoladas. Do lado, um canil com uma manada de mastins e filas, treinados com sangue de onça, chamados Molambo, etc. Perante um tal espectáculo, Quinho lembra-se das torturas que ele mesmo sofreu na Delegacia, tempo atrás, e das torturas que ali mesmo deviam ter-se perpretado. Não deixa de notar, na antiga senzala, sinais de terra removida, como de covas fechadas às pressas. Ao mesmo tempo em que faz todas essas observações, conversa trivialidades com Dianuel, ouve notícias de outros onceiros, como Melquisedeque, Lino Mano —sempre vestido de preto— e o paraguaio Edmundo, apelidado de Semfundo. Dianuel fala para Quinho de algumas propriedades da fazenda, enquanto range, todo vestido de couro e profere contínuos palavrões.

Nos dias seguintes, Quinho recebe carta de Liana, de Londres. Liana trabalha numa biblioteca na Amnistia Internacional, e ocupa-se de descobrir o paradeiro de Ari Knut, de quem se sabe só que é muito afeiçoado à Biologia e, em particular, às obras de Charles Darwin. Na carta escrita em código, Quinho fica sabendo que ainda não se sabe nada sobre Ari Knut.

Quinho, acompanhado por Herinha, visita o erudito vizinho Juvenal Palhano: trata-se de um sujeito original, de fala educada e pedante, sempre ocupado em pesquisas musicais acerca do canto dos pássaros e num monumental viveiro de plantas carnívoras. Juvenal tem duas empregadas: Malvina e sua filha Cravina, de cor, enormemente supersticiosas acerca das plantas do patrão. Quinho se dá bem com Juvenal, que procura admirá-lo com amabilidades e mostras de sabedoria.

Sucedem-se as visitas à fazenda, as observações dos onceiros, as fotografias de cada canto e as conversas pretensamente distraídas, tentando conseguir mais dados. Os onceiros, de fala tosca e maneiras bruscas, não dão facilidades, mas tampouco suspeitam das intenções de Quinho. Este, cada vez mais confidencial com Jupira, tem longas conversas com ela a respeito do andamento das pesquisas e dos costumes do lugar. Cada vez com mais força, tanto na realidade com nas suas contínuas fantasias eróticas —nunca o abandona a imagem em que a Lucinda foi pressa, estando os dois assistindo a um filme, num cinema da cidade —, Quinho vê em Jupira uma nova Lucinda. Lembra também, agora que está no Brasil depois de dez anos de exílio, cenas da sua infância, a ocasião em que cortou o talho da mão, preparando uma forquilha para fazer um bodoque, e seu avô soldado na guerra contra o Paraguai.

Numa outra visita à fazenda, Quinho conversa longamente com Edmundo Ezárruriz, o Semfundo que, em meias palavras, conta-lhe que, na senzala, está enterrado o corpo de uma das duas argentinas, Corina Hernández, obrigada a cavar a própria cova depois de seviciada. Edmundo conta que foi obrigado a acabar de enterrá-la, e acrescenta que é muito provável que também esteja enterrada Violeta Linares no mesmo lugar.

O capítulo seguinte apresenta Antero Varjão, antes Claudemiro Marques, preocupado em continuar ocultando sua verdadeira identidade. Ama secretamente Jupira, que o despreza, e a fazenda ganha cada vez mais prestígio na Bolívia, Uruguai, Paraguai e até no Peru, como centro exportador de couros, contrabando e tráfico de cocaína. Ao volante da Veraneio, perde-se em devaneios sobre Jupira, as sevícias contra as duas argentinas e o medo de, se for descoberto, serem descobertos também Ari Knut e Trancoso, Secretário da Segurança. Observa Quinho na rua, distraído, saudando familiarmente Herinha e o seu macaquinho. Cheio de ciúme, porque pensa que Quinho já tem o amor de Jupira, tenta atropelar Quinho pouco depois, mas Quinho consegue saltar de lado. Numa conversa anterior com Jupira, Quinho fica sabendo das frequentes bebedeiras de Antero Varjão, e de que ele cai numa espécie de sono profundo sempre que está bêbado. Nessa altura, Quinho já tem todos os dados para supor, razoavelmente, que ele é Claudemiro Marques.

O mesmo Claudemiro-Antero, já cheio de ódio contra Quinho, planeja matá-lo por ocasião de um churrasco que se organiza na cidade. Planeja uma caça de onça com seus homens, como preparativo do que ele entende ser a verdadeira caçada, e enche a cidade de declarações belicosas e de velados desafios a Quinho, mistura de rancor, ódio e palavrões, lembranças de torturas de tempos passados, etc. Com pressentimentos sombrios, Jupira tenta afastar Quinho da festa e o manda para o hotel, já meio bêbado. Sabendo da caçada, e meio recomposto, Quinho pensa ir de noite à fazenda vazia e tirar as fotos incriminadoras. Pensa em Herinha, triste porque não encontra o macaquinho Jurupixuna, e achando pistas falsas de milho do embornal em todos os cantos da pequena cidade.

Pouco antes, Claudemiro-Antero, por meio de um recado a Jupira, lança o derradeiro desafio a Quinho. Jupira sai correndo para o hotel, para avisar Quinho, mas este já tinha saído para a fazenda, ao volante do jipe de Iriarte.

Dentro da senzala vazia, Quinho descobriu logo, apesar da escuridão, a terra mole que encobria os dois cadáveres. Feitas as fotos e vencida a repugnância, depara com Edmundo, enforcado quase que em cima dele, e quase desmaia de horror. Prepara rapidamente um pacote com os vestidos e pertences das duas argentinas, e quando está indo embora ouve o barulho dos caçadores que, no meio da noite, voltam à fazenda com a caça. Estão esgotados e, cambaleantes, preparam-se ali mesmo para a degolação das onças. Os cães, excitados com o cheiro do sangue, parecem enlouquecer. Os caçadores degolam as onças vivas, das quais extraem o sangue em canecas de cobre. Acabado o trabalho, esgotados e bêbados de cachaça, todos adormecem. É o momento em que Quinho sai do esconderijo da senzala, e repara no sono profundo de Claudemiro e dos demais. Toma várias canecas de cobre, cheias de sangue de onça ainda quente, encharca Claudemiro completamente com o sangue e abre a porta dos filas e dos mastins. Depois, vai embora devagar, sem saber porquê, cambaleando de sono e de cansaço, manchado com o sangue das onças, à casa de Jupira. Está raiando o dia. A última coisa que Quinho leva é o embornal do macaquinho, descoberto na fazenda junto do corpo do animal, que aparece no pau-de-arara barbaramente torturado por Claudemiro e Dianuel. Herinha vê o embornal na mão de Quinho, toma-o e desaparece no fundo do quintal.

Imediatemente corre a voz pela cidade: Antero Varjão morreu comido pelas onças vivas que tinha caçado. O outros vaqueiros e onceiros, que também dormiam, não repararam em nada e não foram tocados. Toda a cidade se enche de rumores e exagero da notícia; ninguém sabe ao certo o que aconteceu, e começam a misturar-se dados verdadeiros com suposições e superstições; a notícia da morte do onceiro Antero Varjão fica tão deturpada em poucas horas que nunca vai saber-se ao certo se há responsabilidades a apurar. Quinho e Jupira tranquilizam-se mutuamente, seguros da impunidade. Quinho sai.

Juvenal Plahano aparece em casa da Jupira, anunciado por Herinha, levando o cão fila Molambo com ele. Sucede-se uma longa conversa, em que, com muitos circunlóquios e amabilidades, Palhano confessa a Jupira o seguinte: na realidade, ele é Ari Knut; sabe de todas as pesquisas de Quinho e censurou uma outra carta de Liana para ele, em que anuncia a descoberta da identidade de Palhano-Knut; sabe-se descoberto e, portanto, é inútil continuar ocultando a sua verdadeira identidade; de agora em diante, terá que renunciar à amizade de Quinho e de Jupira (a quem confessa abertamente o seu amor que, por outra parte, considera impossível de ser retribuído); mudará de casa, levando com ele as plantas carnívoras e os estudos sobre o canto dos pássaros, mas pede a Jupira um favor, como prova de estima e permanente lembrança: o sabiá Verdurino. Diz também que não foram as onças que devoraram Antero-Claudemiro, mas o cão fila Molambo, que está com ele todo manso. Com pesar afetado, diz que processará Molambo, e despede-se polidamente de Jupira, aguardando que Herinha (que tinha ouvido toda a conversa) leve a gaiola com Verdurino.

O capítulo seguinte mostra Ari Knut conversando com o Secretário da Segurança, Trancoso. Este reflete sobre os acontecimentos passados, dizendo-se amigo de Claudemiro, e que não pode aceitar uma morte assim. Knut brinca com a ignorância dele, e lembra que, quando ele e Claudemiro chegaram ao Pantanal, para serem esquecidas as acusações de tortura, foi abandonado por Claudemiro que, para esfolar onças e matar testemunhas em porão de senzalas, não precisava das autopsias e laudos falsos de Ari Knut, como na época anterior. Foi por isso que, vivendo de rendas, Knut, sob a personalidade do erudito pedante Juvenal Palhano, refugiou-se nas plantas carnívoras e no estudo de Darwin, à margem do contrabando de cocaína e do comércio de couros, contrabando, etc., que levava a cabo Claudemiro Marques sob o nome de Antero Varjão. Mas agora as circunstâncias mudaram: o Ministro vem vindo, acompanhado do chefe da Polícia, para felicitar pessoalmente —já o tinha feito pelo telefone— Ari Knut, pela autopsia elaborada nos restos do cadáver do Claudemiro: descobre-se que foram os cães fila e os mastins do canil da fazenda os assassinos de Antero-Claudemiro. Knut, agora, deverá partir para um posto oficial importante e abandonar Corumbá. Foi por isso que se despediu de Jupira.

Quinho acorda de um sonho feliz: vai para a Europa, triunfante dos seus empreendimentos, com Jupira de um lado e Lucinda de outro. Preguiçosamente, abre a carta de Liana, de Londres, em que anuncia a descoberta do Knut, em Corumbá mesmo. Quinho sai disparado até a casa de Jupira, ignorando que ela sabe de tudo e, o que é pior, que Palhano-knut também sabe.

No escritório de Trancoso, com ele, Knut desvenda o plano que forjou e conta para os ex-colegas do Antero Varjão: explica que Quinho é ponta-de-lança de russos e americanos, que não podem torturá-lo e sim prendê-lo, para não perturbar mais a imagem do Brasil no estrangeiro. São ordens de Brasília. Todos ficam sabendo, pois, que Quinho é o principal responsável pela morte de Claudemiro-Antero, e Knut conta o perfeito plano para apresá-lo no dia seguinte, antes da partida de Quinho e sem lhe dar tempo a reagir. Dianuel deverá esperar perto da porta do hotel de Quinho, simplesmente para ver aonde se dirige; os outros estarão guardando todas as saídas de Corumbá. Jupira sabe que é tarde para avisar Quinho, e fica sozinha em casa, vendo Herinha levar uma chapeleira coberta com um pano, a caminho da casa de Palhano-Knut, onde pensa que vai Verdurino. Sobressalta-se ouvindo o canto de Verdurino no quintal: na realidade, Herinha, sem nunca abandonar o seu sorriso melancólico, leva oculta, na chapeleira, a cobra cascavel Joselina. Esta última passagem é narrada assim:

Sorrindo docemente, os olhos um quase nada girando nas órbitas, Herinha estendeu, nas mãos, a caixa de chapéu, a oferenda, como a via Palhano-Knut que, de joelhos, depois de beijar Herinha na face, colocou seu próprio rosto contra a chapeleira, amoroso, para sentir o palpitar do sabiá na gaiola de papelão e, bem devagar, ouvindo a escuta, entreabriu a tampa da caixa.

Cheia de remorsos por não ir à casa de Palhano-Knut, quando soube o que a Herinha levou para ele oculto na chapeleira, Jupira tenta-se consolar com a conversa do pai que, desde a janela de sua casa, vê Quinho saindo do hotel, sob o olhar de Dianuel. Uma grande quantidade de gente acumula-se defronte à casa de Palhano-Knut: correm vozes de que ele está morto. Malvina e Cravina saem gritando e correndo, dizendo que o patrão está morto, que as plantas morderam ele, que está no chão, todo comido de formigas —o alimento que dera a suas plantas carnívoras durante anos —, e que não adianta mais soro. Seguindo as vozes do tumulto, sem a pequena mala na mão, Quinho dirige-se à porta da casa de Knut, perdido em devaneios e morto de cansaço. Dianuel vai até ele, rangendo sob o couro. Desobedecendo as ordens do chefe Trancoso, que ordenou golpear ele só em caso de necessidade, e lembrando a morte do chefe Claudemiro, Dianuel bate com a coronha do revólver na cabeça de Quinho, enfia um capuz na testa e entra com ele no carro que esperava perto. Com o capuz na cabeça, Quinho lembra, mais uma vez, a prisão de Lucinda na escuridão do cinema, e sua lembrança volta a ela. E desta vez ele guardou para sempre, na sua, sem soltá-la, a mão de Lucinda, e guardou ela própria, toda ela, Lucinda perene, perpétua, imortal, sempreviva.

VALORIZAÇÃO GERAL

Trata-se de uma alegação duríssima, com carácter marcadamente político, contra a tortura e todos os meios de repressão política, que se contemplam encarnados nas autoridades brasileiras, consideradas de um ponto de vista claramente partidário e sectário: o primário maniqueísmo é desta vez colocado sob categorias marxistas: opressores-oprimidos, censura-liberdade, exílio involuntário-saudade da pátria, etc. Tudo mergulhado num ambiente narrativo tornado conscientemente pesado, lento, de riquíssimo léxico regional. Utilizam-se procedimentos literários muito em moda, como a supressão do tempo linear: os personagens recorrem constantemente ao passado, sem solução de continuidade e sem advertência na redação; passam para o futuro e de novo para o presente, estilo que desenvolveram muitos autores como Enrich Böll, Gabriel García Márquez, etc. Parece clara a influência de Cem anos de solidão e, no conjunto da temática e no modo de tratá-la, Freud, Erich Fromm e Wilhelm Reich, além de todas as colocações de signo dialéctico-marxista: a luta dos exilados de esquerda para voltar à pátria e continuar in loco as atividades revolucionárias, sempre contra um poder policial hipócrita e corrupto, sádico até a loucura, que utiliza a tortura como meio de "diálogo" e "persuasão" dos opositores. Os supostos detentores do poder policial são apresentados como esquizofrênicos sádicos, hipócritas e com gosto especial pelo sangue e a sevícia, incultos, donos de um léxico que o autor torna artificialmente grosseiro para aumentar a indignação do leitor.

Toda a obra é propositadamente dura: são abundantes as descrições de situações eróticas, reais ou em sonhos dos personagens, o rancor acumulado durante anos, a impunidade com que os detentores do poder torturam os seus inimigos, a hipocrisia revoltante e a resignação desesperada das vítimas. A profusão de palavrões e o requinte nas sevícias é outro traço que aumenta o gosto amargo da obra; ninguém parece ter o mais mínimo gesto de humanidade ou de amor —fora o simples prazer sexual ou a unidade na desgraça comum— e as referências à religião e às realidades sobrenaturais são denegridas como fantasias pueris, quando não colocadas em contexto amargo e blasfemo.

Muitos personagens da obra têm perfis fracos: um ou dois traços de sua personalidade, constantemente repetidos, bastam para identificá-los (o tabaco de Iriarte, sempre fumando, o corte na palma da mão de Quinho, o pince-nêz de Juvenal Palhano, o corpo de Lucinda, a mochila nas costas do macaquinho, o canto do sabiá Verdurino, o olhar triste de Herinha, os palavrões sádicos de Antero Varjão, e demais).

Literariamente, o texto está muito trabalhado e pensado; tão boa qualidade e muita riqueza nas descrições. Parece ter sido elaborado com lentidão, prestando mais atenção à impressão que se pretende causar no leitor do que à elaboração de um romance de envergadura: só interessa deixar clara a brutalidade dos torturadores, as melancolias eróticas de Quinho, e a inferioridade para tudo o mais, a hipocrisia das pretensas amabilidades, o medo de toda uma cidade, cheia de supertições e, no fundo, dominada pela polícia, a resignação de Quinho, Jupira e Herinha, etc., que não se importam absolutamente nada com o seu presente nem com o seu futuro.

 

                                                                                                               J.L.C. (1982)

 

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