carocha :
Cara Agustina López de los Mozos Muñoz,
Eu estou dentro e não quero ir embora. Sei que se o fizesse seria uma pessoa infeliz, porque a Obra é o caminho que me levará ao Céu.
Não sei qual foi o seu problema nem porque se quis ir embora. Tenho muita pena de si e que, ao sair, não tenha conseguido encontra o seu caminho. Mas prometo-lhe lembrar-me de si todos os dias na Missa, para que consiga ser uma pessoa feliz e encontra o seu caminho.
Um abraço amigo deste cantinho lusitano,
Pau
Faz o que deves e... está no que fazes!
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Respuesta de Carocha:
Pau:
vou-lhe responder eu, em português, que perceberá com mais facilidade.
O seu piedoso testemunho, querida menina, tem imensa graça. Deixe-me explicar, que vai ver que também vai achar:
- O formato que cá chegou é de carta-circular, com o espaço para a destinatária em branco, posteriormente preenchido sem cuidado, num tipo e tamanho de letra diferentes, pela jeitosa para as letras de serviço. (Mas de outra geração de esforçados humanistas talvez: e pouco versada nestas modernices de mails para cá e para lá).
- A menina usa espanholismos em barda, o que é frequente, e, sossegue, não é nenhum sinal de deslustre social, longe disso: para o caso de ser essa a impressão que pretendia dar. É que, sabe, há um tom consistente, mal editado, portanto, nestes testemunhos piedosos que cá chegam. Há uns que são simplesmente agressivos, ofensivos. E há outros, como o seu, pretensamente humildes e simplórios: é como se fossem exclamações incontidas de criaturas simples, de poucas letras (e assim se ajuda a provar que no opus também se "tratam" as criaturas incultas, mesmo que não estejam doentes, está a ver?) profundamente agradecidas a uma tal madre guapa: soa a brejeirice mas não é, não é.
- A menina está dentro de onde? Não quer ir para onde? E a quem é que isso interessa, querida menina?
- Quer ir para o Céu? Faça favor: mas olhe, a maneira mais eficaz de lá chegar é usar a própria cabecinha (sem isso, minha querida, ninguém a quer lá: aquilo não é propriamente um depósito de parvos, percebe? O problema é que, se usar a própria cabecinha, vai-se ver na rua em três tempos, sem contemplações, a não ser, talvez, que tenha alguma coisa de seu: um talento útil, cabedais, apelidos, coisas dessas: por falar em depósitos...)
- Não sabe qual é o problema da Agustina e o de todos aqui? Olhe, como é que isto se diz com mansidão? Talvez... ler. Ou então, se não tem tempo para tal, devido às suas gostosíssimas obrigações para com a tal absorvente guapa, leia só "A liberdade das consciências no Opus Dei", do Oráculo, e vai ver que não consegue parar antes do fim: mas não leia em casa sozinha à noite (se é que a deixam sozinha alguma vez). Faz muito medo. Eu avisei.
- Tem pena? Reza por nós? Obrigadíssimo.
- Diga-me uma coisa: quem é que lhe disse que não encontrámos o nosso caminho? Ah, Pau, se a menina soubesse...
Muitos beijinhos,
Carocha (Essa do cantinho lusitano é impagável: tirou de onde? É que fica giríssimo!!)
Publicado el Wednesday, 20 August 2008
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